A experiência migratória para a Europa, embora promissora, pode expor brasileiras a vulnerabilidades psicológicas específicas. A desvalorização profissional percebida, frequentemente associada a barreiras linguísticas, diferenças culturais no reconhecimento de qualificações e, em alguns casos, preconceito xenófobo, emerge como um fator de risco significativo para a diminuição da autoestima e do senso de autoeficácia.
Esse cenário desafiador pode culminar no desenvolvimento de quadros depressivos, caracterizados por sintomas como anedonia, desesperança, fadiga e alterações cognitivas. A busca por alívio imediato desses sintomas pode, por sua vez, levar à dependência farmacológica, representando uma estratégia de enfrentamento mal adaptativa para lidar com o sofrimento psíquico, a sensação de isolamento e o desenraizamento cultural.
A intervenção psicológica especializada, com sensibilidade às nuances da experiência expatriada e aos complexos fatores socioculturais envolvidos, torna-se crucial. A psicoterapia oferece um espaço seguro para a exploração da identidade profissional, o processamento de experiências de discriminação e a construção de estratégias de coping adaptativas e resilientes. O objetivo primordial é promover a ressignificação da experiência migratória e o fortalecimento da saúde mental a longo prazo, minimizando a necessidade de recorrer à medicalização como única forma de suporte emocional e fomentando a autonomia e o bem-estar integral